terça-feira, 21 de julho de 2009

O catador

Um homem catava pregos no chão.

Sempre os encontrava deitados de comprido

ou de lado,

ou de joelhos no chão.

Nunca de ponta.

Assim eles não furam mais – o homem pensava.

Eles não exercem mais a função de pregar.

São patrimônios inúteis da humanidade.

Ganharam o privilégio do abandono.

O homem passava o dia inteiro nessa função de catar

pregos enferrujados.

Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.

Estado de pessoas que se enfeitam a trapos

Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser

Garante a soberania de Ser mais do que Ter

BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo


continuo acreditando que nosso maior problema não é a falta, mas o excesso...

edson

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