O catador
Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais – o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar
pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser
Garante a soberania de Ser mais do que Ter
BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo
continuo acreditando que nosso maior problema não é a falta, mas o excesso...
edson
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