Distante da certeza de que os olhos são capazes de tocar a objetividade do mundo e certos de que os organismos inumeráveis que habitam esse pequeno planeta são essencialmente construtores de formas, atestamos: o que pode um carrapato diante da imensidão das veias? O que pode um chipanzé aprisionado em uma jaula? O que fazem as abelhas quando estão com os olhos cheios de poeira do pólen? O que faz o som quando deixa de existir em algum ouvido? O que podem os cacos de vidro quando estão enterrados em estrume de vaca que recém pariu bezerros? O que pode um caracol, quando diante do sol quente, abriga-se em um sonoro grito? Podem as abelhas dizer do céu coisa alguma? Afinal, o que pode quando pudermos conceber que mesmo aquilo que sabemos soa infantil diante daquilo que não sabemos que ignoramos? Afinal, pode a sombra pular a imagem da qual teve origem? E, se a viagem no tempo fosse possível? E, se vários corpos abrigassem o mesmo lugar? E, se a imensidão de luzes dos letreiros luminosos de Tóquio fosse apenas um delírio dos nossos olhos, fustigados pela irreversível corrente do tempo? E, se, distante da terra, os astros a vejam apenas como um delírio da sua visão? E, se o sol fosse apenas uma grande bole de gude, que esfregue nas mãos do acaso se incandescesse? E, se... Afinal, o que podem os olhos diante das infinitas possibilidades dos inumeráveis seres que habitam esse planeta e, afinal, o que pode nosso saber diante do saber de um homem que viveu nos desertos africanos no ano de 4353 a.c.? De sonhos. De delírios, vivemos o cotidiano dos nossos dias.
Por Marcos Vinícius.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
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