A negação dá-se na esfera da esperança. De algum modo a esperança tenta usurpar o instante daquilo que lhe é próprio. A propriedade do instante se dá na intensidade do jogo de forças que se estabelece e se hierarquiza no combate perpétuo da valorização hierárquica. Afinal, fugir ao combate é esperar. A esperança é a fuga do combate que se crava nas instantaniedades fluídas que se instauram nos acontecimentos – é desejo de memória, de permanência, de algum resido e de um eu. Amar o acontecimento é viver sem esperança, é jogar-se no jorro do acontecer puro e inocente. Afinal, desesperar é jogar-se na Terra: a única morada. O maior desespero, nesse caso, é afirmar o que há, na sua inelutável vigência. O desespero é a via possível, pois é a vivência da ausência da esperança. Penso que o aguardar é a forma na qual dá-se o desesperar, pois o desespero é a condição fundante da forma que o humano pode tornar-se quando, afundado no instante e na sua indiferença, clama e ama a Terra. Para aquém da esperança há o des-esperar – com um grato sorriso afundar na integridade avassaladora da sagrada constatação: é assim.
Por Marcos Vinícius.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
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Amigo Marcos,
ResponderExcluirRecebi o seguinte comentário que repasso:
aprovo sem restrições.
Friedrich Nietzsche
um abraço
Edson