Absurdo: disparatado, insensato. Do lat. absurdus. Absurdo é o estado do que é. Não por uma ausência de, ou por uma falta de, mas por um constante e desproporcional ímpeto de agir. Agir é o estar do afetar. Afetar e ser afetado é a condição do absurdo.
Abstênio: sóbrio. Aquele que se abstém. Do Lat abstemius.
Sobre o abster-se. Abster-se é um retirar-se. É um deslocar de um modo possível de estar, para uma outra região, para um ir de encontro, para um determinado lá. Quando imerso no que lhe falta o abstido é um disparate. A longa história do abster-se se denomina moral.
O niilismo. Por uma valoração moral da veracidade atingiu-se as condições que exigiram a postulação da Verdade. A Verdade desmascarada revelou-se como um desejo de nada, um escapar para a região do ideal, que pensado como oposição ao que é, havia se instituído como o topos judicativo, como juiz do jogo inocente do devir. O conceito de A Verdade nasce diante da incomensurável potência do que é, no seu inocente acontecer. O que acontece determina-se por si mesmo, nas suas internas tensões de duração. Longe deste ir e vir, de descomunal potencial de ação, surgiu o Homem. Feito do mesmo material do que é, composto pelas suas inerentes tensões e desdobrado no bojo do devir do acontecer, porém desconfiado da capacidade inerente ao que é, de propor-se como sendo. Bastaria continuar o processo de ação que afigura como o em si de tudo que é, porém, a inocente afirmação soou como pouco, como falta aos olhos de determinados tipos humanos. Não seria possível que bastasse apenas um sim, um sorriso, para permanecer no reino da pura atividade e da exuberante necessidade. A falta acabou por desdobrar-se como o Mal, e se sente-se mal, logo buscou-se uma razão para o mal estar. Neste momento entrou em cena a culpa, afinal, se a falta é um mal, a culpa a explicará. Assim, existira um lugar para além daqui que livraria o sentir da dor da falta diante do inocente devir do acontecer, da ausência que se percebeu no puro e constante agir. O acesso a este lugar passou a ser perseguido, como condição do restabelecimento da dívida que se contraiu. O encontro com este lugar revelou-se como a aquisição dA Verdade de todas as coisas, que acabou por se instituir como um critério para se contrapor ao Mal que se sentia diante das condições pelas quais se via e se interpretava. Porém, o acesso dar-se-ia por uma via que deveria esquivar-se da condição do Mal. O Mal estava aqui, na parte que participa do acontecer. Assim, na invenção do além, como o lugar da verdade e depósito do bem, ligou-se à ideia de que uma parte do Homem não seria composta dos elementos que vigem e determinam o acontecer. Agora, séculos depois, por amor a verdade, A Verdade se revelou – por longos anos depreciou-se o acontecer do mundo em nome de um ideal, e agora depreciamos aquilo que sobre nós pairou, afinal, o mundo do ideal foi visto por dentro. Cabe agora, não vergar diante do vazio, - Bem entendido, propor novas avaliações.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
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