segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Travessia - para o ancião.

Aí, aí.

Aparar o bigode e soletrar o desafio de afirmar os cadarços dos velhos sapatos. A toda hora brota um delírio incandescente. Ontem, ouvi!

Marcos Vinícius.

O meio é a meta. O homem não é o fim, mais uma travessia. Uma ponte entre o homem e o para além do homem. É sempre bom ouvi-lo. "De barbas longas e de ouro o brilho do seu olhar..."

Meia-idade


Essa história de meia-idade me irrita.
Então, agora, sou meio homem?

Edson

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Para o Marcos Vinicius

Aprendi que liberdade não pode ser determinada, por isso
 "o acaso monstruoso que nos ronda e constitui."
é também nosso aconchego, ou como diria Bias
 - um dos sete sábios da Grécia - "Omnia mea mecum porto".

Edson 

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Ruídos do acontecimento

Ruídos do acontecimento.

Não há mais eu, Não há o mundo.
O que há, ocorre no aion.

A porta aberta vislumbra os raios do sol
Quando chegarem, os distantes.
O ruído do trem uiva junto ao derramar da água do balde.

E       s         
                                 c         o       r                               r        e


Para onde voam os pássaros?!

Ao longe, muito longe - Para onde voam os pássaros.

Quando distante das estrelas as nuvens evoluem com cintilante destreza, apesar de longe não se ver as paragens onde as vacas se alimentam de pasto. Para além do pasto sofrem os que ainda se deleitam em tentar afirmar o que de algum modo pode produzir ruído. Da janela vejo a nuvem carregada de possibilidades. Da soleira da porta avisto o distante mar que se debruça sobre as ondas sonoras. Distante de qualquer distância um sonoro ruído faz as pazes com as senzalas. As correntes ruidosamente esfacelam-se sobre o vão carcomido pela memória do tempo. Afinal, se ainda há algo... Nas soleiras das portas abrigam-se os vãos que separam e impõem a di-ferença. Na linguagem que fala as coisas se enamoram na di-zeção... Evocar é acolher de modo a reivindicar a pre-sença daquilo que se dá como língua. Ressoar na língua... Um mundo e coisas se estabelecem, além de aquele que diz e o dizer do que diz. Em um ponto de interseção a fala, o falado, a coisa dita, o dizedor, a ocorrência do dizedor, o céu e a terra e o  dizedor se dão no modo que permite que todos as formas de dizer se dão, evocando-se, prostando-se e acolhendo-se na linguagem que fala.

Por Marcos Vinícius

sábado, 4 de fevereiro de 2012

O dragão.

Como uma flecha abateu sobre mim as asas de um dragão.
                                                                                       
                                                                                       Chorava lágrimas de nuvens.

E, se os estados fossem apenas modos de ser da necessidade que somos? Afinal, pode a água da fonte parar de cair? Pode o céu ensurdecer-se de dor, feito o mensageiro do lírico? E, se o poeta fosse o jogo da linguagem em si mesma, sobrepujada, não pela tensão da linguagem ou da imaginação, mas pela submersão aos estados, que apenas pedem passagem e se estabelecem como uma vã necessidade? Pois, se o poetar não é da ordem da técnica, e muito menos, da fruição na linguagem, não poderia ser um presente? Não seria mesmo um presentar-se ao pre-sente?


Por Marcos Vinícius.

Para o Edson

Caro amigo, aos ateus e aos errantes como nós resta saudar, alegre e teimosamente, o acaso monstruoso que nos ronda e constitui.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sobre o olhar.

Distante da certeza de que os olhos são capazes de tocar a objetividade do mundo e certos de que os organismos inumeráveis que habitam esse pequeno planeta são essencialmente construtores de formas, atestamos: o que pode um carrapato diante da imensidão das veias? O que pode um chipanzé aprisionado em uma jaula? O que fazem as abelhas quando estão com os olhos cheios de poeira do pólen? O que faz o som quando deixa de existir em algum ouvido? O que podem os cacos de vidro quando estão enterrados em estrume de vaca que recém pariu bezerros? O que pode um caracol, quando diante do sol quente, abriga-se em um sonoro grito? Podem as abelhas dizer do céu coisa alguma? Afinal, o que pode quando pudermos conceber que mesmo aquilo que sabemos soa infantil diante daquilo que não sabemos que ignoramos? Afinal, pode a sombra pular a imagem da qual teve origem? E, se a viagem no tempo fosse possível? E, se vários corpos abrigassem o mesmo lugar? E, se a imensidão de luzes dos letreiros luminosos de Tóquio fosse apenas um delírio dos nossos olhos, fustigados pela irreversível corrente do tempo? E, se, distante da terra, os astros a vejam apenas como um delírio da sua visão? E, se o sol fosse apenas uma grande bole de gude, que esfregue  nas mãos do acaso se incandescesse? E, se... Afinal,  o que podem os olhos diante das infinitas possibilidades dos inumeráveis seres que habitam esse planeta e, afinal, o que pode nosso saber diante do saber de um homem que viveu nos desertos africanos no ano de 4353 a.c.?  De sonhos. De delírios, vivemos o cotidiano dos nossos dias.
Por Marcos Vinícius.