O deixar é um abandonar, um soltar, um desligar. Abandonar é demorar-se em. No abandono encontra-se o estar. O Abandonado entrelaça-se com a ocorrência, cavalga no seu dorso. A vivência da ocorrência dá-se na compreensão da exuberância. Na exuberância habita o aconchego do estar. Ao mesmo tempo em que o deixar retira, loca na exuberância da ocorrência a tensão do estar. Neste estado de humor reside o vivo. No deixar celebramos o estar junto com fins a abandonar. Pode o mundo das relações sociais, pode o jogo pueril cósmico, pode as nossas esperanças, pode a certeza da morte e do NADA invalidarem o estado de humor da vivência da ocorrência no estar? A filosofia do experimentar contraria a sentença racional de que só faz sentido se todo ocorrência o fizer, porém não é suficiente o deixar, o abandonar, o soltar? Na brutalidade do instante reside a essência do abandonar. Entreter-se na celebração da exuberância é o antídoto contra as exigências de sentido aneladas pela razão. Não seria a razão um impedimento para a fruição da ocorrência? Pode a razão deleitar-se com o sem sentido, ou deveríamos no reeducar para nele abandonarmo-nos?
Recolhido, alguém, já reparou o repolho – Brassica oleracea?
Por Marcos Vinícius.
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